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Mostrando postagens de 2011

O Carteiro e o Poeta

Editora Record, 127 páginas " O homem levantou uma esferográfica azul, soprou um bafo para amolecer a tinta e perguntou sem olhar: - Nome? - Mario Jiménez - respondeu Mario Jiménez solenemente." Mario Jiménez, garoto de dezessete anos que inventava o menor resfriado para não fazer os trabalhos marítimos - seu pai, Jose Jiménez trabalhava numa enseada de pescadores - ao dizer solenemente seu nome, tornava-se o carteiro de Pablo Neruda, o poeta do povo chileno.  Ao alvorecer, juntamente com sua Legnano, partia para assumir seu posto. Sua pontualidade era tamanha que Cosme, ou melhor, dom Cosme se impressionava.  Com as inúmeras correspondências guardadas na sua mochila, Mario pedalava em direção à Ilha Negra onde morava seu único cliente, Neruda.  Mesmo sabendo da miséria que receberia, Mario agarrou o emprego - por trás havia uma curiosidade e admiração pelo poeta.  Após certo atraso, típico no Chile, como pontua o autor, o carteiro recebe o salário e, com ele, compra

Teach Yourself Italian

Nessas férias, tenho assistido a alguns filmes italianos, como  Ladrões de Bicicletas e Vermelho como o Céu - ambos com resenhas escritas no Baú Pensante .  Sempre achei a pronúncia italiana muito agradável aos ouvidos e procuro observar os atores conversando. Grazie, buongiorno, arrivederci, a sinistra e outras soam muito bem.  Adoraria viajar pela Itália, conhecer as cidades com suas histórias, comer uma pasta, tomar um caffè num barzinho. Como não posso, ainda, decidi ir aprendendo o italiano, autodidaticamente. Quem sabe é uma forma de ir até lá.  A série de livros Teach Yourself é um bom começo para quem não tem condições de iniciar um curso. O problema é que quem for comprar ou baixar o livro tem que saber inglês, pois toda a explicação é feita nessa língua. Além do livro que tem exercícios respondidos no final, vocabulário e gramática, vem um CD com conversações. O livro é bem didático. Já estou estudando um pouco de italiano com Teach Yourself Italian. Além desse livro, há in

Vermelho como o céu

Rosso come il cielo, título original do filme, foi produzido em 2006. Utilizando um gravador velho e sua fabulosa imaginação, Mirco Mencacci (Luca Capriotti), toscano de 10 anos fascinado pelo cinema, cria as mais encantadoras histórias sonoras. A melodia do vento, as folhas balançando, o respingar d'água, tudo transforma-se nas mãos de Mirco numa história. Parece ser impossível para um garoto que após um acidente torna-se cego. Mas o que para alguns é limitação, para Mirco é algo que impulsionará suas fantasias. Após o acidente, a escola onde ele estudava não o aceita como uma criança normal - o governo italiano nessa época, década de 1970, obrigava por lei que todos os deficientes visuais fossem enviados para instituições especializadas. Enviado para Gênova, Mirco passa a estudar num instituto cristão, administrado por um diretor, também cego, e um conjunto de freiras para auxiliar as crianças. Além disso, havia um padre encarregado de ensinar as crianças leitura em braile, p

Ladrões de Bicicletas

Antonio Ricci, interpretado pelo italiano Lamberto Maggionari, vê-se, como tantos outros italianos, em dificuldades financeiras, agravadas no pós-guerra. Depois de anos desempregado, Ricci encontra uma oportunidade de trabalho - colar cartazes pela cidade, mas para isso terá de utilizar obrigatoriamente a bicicleta para assumir o posto. Como ele havia penhorado, surge nos minutos iniciais do filme um conflito que se estenderá até o final - resgatar sua bicicleta. A saída achada por sua esposa, Maria, interpretada por Lianella Carell, é penhorar todas as roupas de cama, uns novas, outras usadas. Assim, Ricci pôde iniciar seu trabalho.  Entretanto não por muito tempo, pois sua bicicleta é roubada, enquanto ele cola cartazes. A partir daí, juntamente com seu filho de nove anos, Bruno, vivido por Enzo Staiola, Ricci percorrerá toda a cidade em busca da bicicleta e do ladrão. Pelo caminho encontrará personagens incomuns. Ladrões de Bicicleta, de 1948, é uma produção do renomado cineasta it

Poucas Cinzas

Longa lançado em 2008, Poucas Cinzas teria tudo para ser um grande filme, se não fosse a superficialidade do tema abordado e a atuação de Robert Pattison, no papel de Salvador Dalí, o gênio da pintura surrealista. A ideia do filme era retratar a Europa no pós-Primeira Guerra Mundial e o convívio social entre os intelectuais da época, permeado por relacionamentos amorosos, discussões políticas e artísticas   O caos trazido pela guerra e a modernidade, aceleradora da ambição humana, trouxeram para o homem  mudanças na forma do fazer artístico. Com isso, surge o Surrealismo de Salvador Dalí, Frederico García Lorca e Luis Buñuel que compõe o filme.  Na minha humilde opinião, há uma quantidade enorme de informações sobre a época - não explorada pelo filme - que tornaria o longa muito melhor. As poesias de Lorca não foram bem exploradas, a produção de Dalí ficou com rápidas cenas nas quais Pattison rabisca telas e os filmes de Buñuel aparecem umas três vezes. O filme baseou-se nas revelaçõ

Engenho Muriçoca

Árvores, folhas verdes, chão batido. O vento sopra forte, Balançando as folhas. As galinhas beliscam o chão Em busca de alimento. A imensidão verde da cana Desde a primeira vista, encantou-me. As casas simples, com seus tijolos à mostra, Observam os que em sua frente passam. Ao entardecer, a luz do Sol é refletida Pelas folhas lustradas da cana-de-açúcar. Sinto o cheiro de jaca mole, As jabuticabas caídas no chão estão ressecadas, As carambolas ainda estão verdes, Outras de tão madura já estão no chão. No banco de madeira, ao lado da jabuticabeira, Onde escrevo estes versos Relembro algumas passagens da minha infância. Mateus Lins

O garoto da bicicleta

Desde semana passada venho assistindo a diversos filmes. Hoje, assisti a O garoto da bicicleta. Trata-se de uma produção, ganhadora do Grande Prêmio do Júri, realizada pelos irmãos belgas Jean Pierre e Luc Dadernne. Esses diretores, segundo a crítica de cinema Isabela Boscov, costumam fazer filmes muito duros sobre o desprevilégio social na Europa.  O garoto da bicicleta é um filme áspero, mas traz uma nota de esperança. Esse longa é uma novidade se tratando de uma produção dos irmãos Dardenne, pois é o primeiro filme deles no qual a música foi introduzida. É um longa centrado na figura de um garoto de 11 anos, chamado Cyril, interpretado pelo ator Thomas Doret, cujo pai o abandonou. Deixado num orfanto, Cyril não aceita a ideia do abandono, buscando informações que trangam uma pista do paradeiro do seu pai. O garoto vai ao apartamento onde morava em busca da sua bicicleta, mas seu pai já havia saído de lá há um mês, assim informou-lhe o porteiro do prédio. Os seus guardiões do orfan

Baú Pensante sugere Chaplin

Estou de férias e nada melhor para fazer do que assistir a ótimos filmes. Chaplin, de Richard Attenborough, é uma boa opção. Já havia assistido a alguns dos filmes de Charlie Chaplin como Tempos Modernos e Vida de Cachorro, mas não sabia muito da biografia do grande cineasta inglês que encantou o mundo com seus filmes mudos. O longa mostra a trajetória do pequeno Charlie, na Inglaterra de 1894, até seus dias de glória como um grande ator e cineasta.  Sua mãe, Hannah Chaplin, era artista, mas não tão boa, assim retrata o filme, além dela ser louca, o que mais tarde faria com que Chaplin a internasse num hospício. Em contrapartida, Chaplin, desde pequenino, já mostrava talento, dançando e cantando.  Separados, Charlie e Sidney, seu irmão, são mandados para um reformatório, saindo de lá anos depois. Chaplin continua com seu dom artístico, fazendo graça. Sidney Chaplin arranja um emprego de comediante para seu irmão, o que foi o início de uma carreira promissora. Com o sucesso na Inglate

Baú Pensante sugere Sede de Viver

Estive na Livraria Cultura à procura de filmes interessantes e descobri, numa das prateleiras, esse filme, Sede de Viver, de 1956, dirigido por Vincente Minnelli. Lust for Life, título original do filme, fala da vida conturbada do gênio do Pós-Impressionismo Vicent Van Gogh, holândes nascido em 1853. Sua carreira foi breve, uma década, mas intensa, chegando a produzir nesse período 800 telas, além de tantos outros desenhos, retratos e autorretratos.  "Os quadros chegam até mim como em um sonho", falou Van Gogh. Não só em sonho, mas também em alucinações, pois constantemente o pintor dos "girassóis de um laranja vibrante" sofria com as crises emocionais, isolando-se de todos em uma solidão dolorosa. Muitos veem nas pinceladas distorcidas e nas cores vivas dos quadros de Van Gogh a prova dos seus distúrbios mentais. O filme também retrata muito bem a Paris do Impressionismo e do Pós-Impressionismo com seus grandes nomes: Cézanne, Gauguin, Seurat, Toulouse-Lautrec, C

Na noite

A noite está quieta e constante. As horas passam e não as vejo. Apenas sinto. Eles foram dormir, Enquanto escrevo Versos às escuras. Assim eles não me veem. Escuto o som dos sonos alheios E eles não percebem. De manhã, estará gravado nos versos: Sonhos e pesadelos; Passado e futuro; Vida e morte. Mateus Lins

À margem do Capibaribe

É manhã. O Sol começa a nascer. O rio não está cheio. Os pescadores lançam as redes. Eles remam ao lado dos peixes, Dos caranguejos e guaiamuns. Ao lado das aves que procuram alimentos. Os raios do Sol são refletidos pela água. Água negra de lama, Lama de mangue. O cheiro é de mangue, O mangue onde há o ciclo do caranguejo. Onde os homens se alimentam dos caranguejos, Onde os caranguejos se alimentam dos homens. O cheiro é de lixo, Lixo da cidade, Lixo-esgoto, Lixo putrefado. O caranguejo-lata da Aurora repousa Ao lado de Manuel Bandeira, Ao lado do Ginásio. João Cabral sentado à margem do Capibaribe Pensa no Severino de Maria, no Cão sem plumas Na engenharia poética. Os olhos, mesmo assim,custam a perceber a poesia Na Aurora ou no rio No mangue ou no lixo. Custam porquê? Mateus Lins

O amor natural de Drummond

Na década de setenta, o mineiro Carlos Drummond de Andrade escrevia o livro O amor natural: uma coletânea de poemas que tem como círculo temático lambidas, pêlos, vulvas, bundas e tantos outros objetos pornográficos e/ou eróticos. Lançado em 1992, o livro, sem dúvida, causou espantos para os mais conservadores, pois, por tradição, Drummond, no máximo, falava em tornozelos - que era objeto de erotismo público, na época. Como falou o blog Obvius, um olhar mais demorado , viu-se a conversão do mineiro comedido em militante póstumo da sacanagem. Publico abaixo dois poemas, encontrados no livro O amor natural: No mármore de tua bunda e A língua lambe. No mármora de tua bunda No mármora de tua bunda gravei o meu epitáfio. Agora que nos separamos, minha morte já não me pertence. Tu a lesvaste contigo. A língua lambe A língua lambe as pétalas vermelhas da rosa pluriaberta; a língua lavra certo oculto botão, e vai tecendo lépidas variações de leves ritmos. E lambe, lambilonga, lambilenta a

O rio

O rio corre, Apressado, ele corre. Os homens não sentem isso? Ele corre de dor. Ele corre, pois tem pressa. Pressa, pois morre. Os homens cegos de sentido, Os homens cegos de alma, Os homens cegos de tudo. São eles que apressam o rio, São eles que matam o rio, São eles que não sentem o rio. Infortuna insensibilidade dos homens Apenas lamento... O rio corre, apressado, ele corre. Mateus Lins

Despudorado soneto erótico

Há uns três anos, li um livro interessante, chamado Minhas histórias dos outros . Agora, não vou falar do livro, mas de uma página. Engraçado ler um livro de duzentas e tantas páginas e só se interessar por uma. Pois é. Interessei-me bastante por esse soneto, como disse Zuenir Ventura "um despudorado soneto erótico." O nome do soneto é A cópula. Meninas, por gentileza, não fiquem coradas! Não passa de uma cópula escrita por Manuel Bandeira. A cópula Depois de lhe beijar meticulosamente o cu, que é uma pimenta, a boceta, que é um doce, o moço exibe à moça a bagagem que trouxe: culhões e membro, um membro enorme e tungescente. Ela toma-o na boca e morde-o. Incontinente, Não pode ele conter-se, e, de um jacto, esporrou-se. Não desarmou porém. antes, mais rijo, alteou-se E fodeu-a. Ela geme, ela peida, ela sente Que vai morrer: - "Eu morro! Ai, não queres que eu morra?!" Grita para o rapaz que aceso como um diabo, arde em cio e tesão na amorosa gangorra E titilando

Primavera Árabe

Abuela Grillo

Projeto Torre Gêmeas - uma reflexão acerca do espaço urbano recifense

Filme produzido coletivamente Recife: a cidade que contratou seu futuro com o inferno "Bairros como Graças, Jaqueira, Parnamirim, Espinheiro, Casa Forte ou mesmo Boa Viagem esqueceram, definitivamente, a calma um tanto bucólica que os marcava ainda em fins da década de 1980 e passaram a lembrar o caos urbano típico de metrópoles como o Cairo ou a Cidade do México." Trecho do texto de Pablo Homes, publicado no blog Acerto de Contas

Ele chorava porque tinha fome.

André caminhava pela Av. Conde da Boa Vista, avenida dos pedintes. Daqueles entregues à própria sorte. Famintos, viciados, catadores. Ele acabara de almoçar. Estava satisfeito.  Ao cruzar a rua Sete de Setembro, na altura das Lojas Americanas, André viu de relance uma criança nos braços de um homem cujas feições eram de um agricultor. Não eram simplesmente duas pessoas descansando às portas de uma loja de calçados. O pai chorava. Seu filho aparentava estar doente. As lágrimas escorriam. Seus olhos já estavam bastante vermelhos. Ambos aparentavam ser retirantes. Pessoas vindas do Sertão esquecido em busca de um serviço de saúde. Serviço muitas vezes precário, se não sempre. André continuou andando. Ficou com vontade de voltar para saber o que estava acontecendo com aquelas pessoas. Se poderia ajudar com algo. Um trocado, quem sabe. Após chegar no cruzamento da Av. Conde da Boa Vista com a rua do Hospício, André voltou. Pôs a mão no bolso. Retirou uma cédula de dois reais. Era pouco. Mas

Baú Pensante sugere Grande Sertão: Veredas

Filme dirigido por Geraldo e Renato dos Santos Pereira "Sertão, o senhor sabe, é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!" Assim inicia essa adaptação do grande clássico da literatura nacional: Grande Sertão: Veredas, do escritor Guimarães Rosa.

Baú Pensante sugere O Nome da Rosa

Acompanhem a saga do detetive William de Baskerville para desvendar  as misteriosas mortes no monastério  Assistam ao filme O Nome da Rosa.  Grande produção do cineasta francês Jean Jacques Annaud. Ganhador do prêmio de melhor Ator da Academia Britânica, Sean Connery vive William de Baskerville nessa adaptação do bestseller de Umberto Eco. Com Christian Slater como Adso, ajudante do clérigo detetive e um jovem à beira do despertar sexual e intelectual, e F. Murray Abraham, a arrogância encarnada como "O Inquisidor", tudo filmado em um monastério real, construído no século XII. Confiram o trailer

História da Mandioca: passado e presente

Click no link abaixo e confira o documentário http://www.irdeb.ba.gov.br/component/mediaz/media/view/2084

Pernambuco, minha terra, nossa terra, melhor lugar não há!

Graciliano Ramos e as lavadeiras

Carybé "Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer." Graciliano Ramos

Toda cultura determina de algum modo os papéis dos homens e das mulheres

            As particularidades de uma sociedade são ditadas pela sua cultura, ideologia e seu contexto histórico. Nessa perspectiva, uma criança, no seu desenvolvimento, sofrerá influências e influenciará todo o corpo social. Essa troca entre indivíduo e sociedade é chamada pela Sociologia de socialização. A partir daí, as pessoas passam a ter uma identidade social que as acompanhará durante a vida.             No mundo ocidental, essa identificação social foi construída seguindo certos padrões. No Brasil colonial, por exemplo, o funcionamento da sociedade era estabelecido segundo um patriarcalismo, ou seja, o homem detinha o controle político, econômico e principalmente social. Em contrapartida, eram dados à mulher papéis sociais inferiores. Para ela, as atividades eram todas aquelas que confirmassem sua natureza frágil. Percebe-se, assim, a construção de ideologias inibidoras para fazer das mulheres seres secundários. A própria religião, através de seus escritos, conferia às mulhere

O erro não é linguístico

        Brenhas esquecidas do interior de Pernambuco. Luta pela vida digna dos operários. Planalto da Alvorada. Só têm lógica essas frases, quando associadas à biografia do primeiro chefe de Estado brasileiro “peão”. Talvez, por ser nordestino, operário e falar “errado” é que o ex-presidente Lula conviveu, durante seus mandatos, com ácidas críticas proferidas pela mídia e pela classe dominante. Mas, por trás da “indignação”, provocada por um sujeito discordante e destoante em relação ao verbo a ele relacionado, está o preconceito, cuja prática segrega e hierarquiza as pessoas.               Bastava dizer “companheiros e companheiras”, seu conhecido jargão, para haver olhos atentos ao discurso do ex-presidente. Claro, qualquer “deslize” seria eficaz à crítica – incontente com o fato de o líder que emergira das classes populares ocupar tão alto cargo. Contudo, a função primeira da língua fora alcançada pelo antigo torneiro mecânico: transmitir a mensagem desejada ao receptor e fazê-lo c

A Carta do Ódio

A veracidade do documento foi comprovada por um especialista em caligrafia. O Museu da Tolerância de Los Angeles começou a exibir uma carta escrita por Hitler, no dia 16 setembro de 1919, seis anos antes do ditador nazista escrever seu livro Mein Kampf, que traduzindo para o português significa Minha Luta.  A carta mostra que o ódio pelos judeus já fazia parte das ideias do mentor do holocausto quando ele ainda era um cabo do Exército Alemão. No documento, há as seguintes palavras: "um governo poderoso poderia reduzir a ameaça dos judeus se negasse a eles os seus direitos. Mas o objetivo final seria a eliminação de todos os judeus juntos." Percebemos que Hitler, desde sua atuação como cabo, já fomentava as teorias racistas postas em prática no desenrolar da 2ª Guerra Mundial. Sobre o Museu da Tolerância de Los Angeles Museu da Tolerância de Los Angeles Nesse museu, os visitantes poderão encontrar diversos documentos, dentre eles, cartas originais escritas por Anne F

ANIMAGE - III Festival Internacional de Cinema de Animação de Pernambuco

Foram exibidos no Parque Treze de Maio 16 curtas de diversos países, como Grécia, Argentina, Polônia, Espanha e Brasil.  Seis curtas destacaram-se. Foram eles: Timing, de Amir Admoni - Brasil; Szafa Zbigniewa, de Magdalena Osinska - Polônia; Balanços e Milkshakes, de Erick Ricco e Fernando Mendes - Brasil; Fátima, de Jeferson Hamagushi - Brasil; Sambatown, de Cadu Macedo - Brasil e Playing Ghost, de Bianca Anselms - Reino Unido.  Confiram alguns dos curtas exibidos pelo ANIMAGE! Fátima - Jeferson Hamaguchi Esse curta conta a história de Fátima, uma mulher que tem uma relação ecológica com a água. Além disso, fala sobre sua infância marcada pela escassez de água. Serve para refletirmos acerca do uso consciente de um bem tão precioso que corre o risco de acabar.  Sambatown - Cadu Macedo Sambatown fala de um triângulo amoroso que acaba em tragédia. No filme, há elementos do candomblé e dos bailes de carnaval, ambos com raízes africanas. Trailer de Playing Ghost - Bianca Anselms

ANIMAGE - III Festival Internacional de Cinema de Animação de Pernambuco

Começou o III ANIMAGE. Desta vez, houve uma expansão em relação ao ano passado, segundo os organizadores do evento. As exibições dos filmes e curtas contam com vários locais, dentre eles o Cinema São Luís,  o Parque Treze de Maio e o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco.  Há várias produções estrangeiras, contando com o cinema alemão, israelense, tcheco, canadense e, sem dúvida, o brasileiro. Dentre os diretores de cinema, destacam-se o brasileiro Gabriel Mascaro, o tcheco Jan Svankmajer e o israelense Gil Alkabetz. Na noite do dia 30 de setembro de 2011, ocorreu a abertura oficial do evento, que ocorrerá durante uma semana. No final, serão premiadas as melhores produções escolhidas, tanto pelo público como por um júri especial. Cobertura do ANIMAGE Foi exibido, no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, 7 curtas e um longa-metragem. Os curtas foram Romance (produção canadense), Bottle (produção norte-americana), En La Opera (produção argentina), Tempestade (produção brasileira), Xochimilc

Para que servem as ficções?

Hoje, fui estudar Português e para minha felicidade apareceu um texto maravilhoso, escrito por Contardo Calligaris. De forma mágica, ele mostra aos leitores a importância das ficções na construção da humanidade.                   Cresci numa família em que ler romances e assistir a filmes, ou seja, mergulhar em ficções, não era considerado uma perda de tempo. Podia atrasar os deveres ou sacrificar o sono para acabar um capítulo, e não era preciso me trancar no banheiro nem ler à luz de uma lanterna. Meus pais, eventualmente, pediam que organizasse melhor meu horário, mas deixavam claro que meu interesse pelas ficções era uma parte crucial (e aprovada) da minha “formação”. Eles sequer exigiam que as ditas ficções fossem edificantes ou tivessem um valor cultural estabelecido. Um policial e um Dostoiévski eram tratados com a mesma deferência. Quando foi a minha vez de ser pai, agi da mesma forma. Por quê?             Existe a idéia (comum) segundo a qual a ficção é uma “escola de vida”

Meu sonho foi destruído

Já se foi o tempo em que engarrafamentos eram causados por acidentes ou por trabalhadores em obras. Hoje, pensar em ruas e avenidas é pensar em congestionamentos, obviamente em ruas esburacadas. É algo indissociável. É um dos órgãos da falta de estruturação urbanística. É algo que poderia ter sido evitado. Entretanto, nada foi feito pelos governantes. Vimos o número de carros aumentar e a largura das avenidas estreitar. Querem um exemplo? Pois não. Darei com o maior prazer. A majestosa Av. Conde da Boa Vista. Os usuários de ônibus que o digam. Lembro muito bem da largura da avenida. Era larga, bem larga – exageros ou desejos a parte. Mas não! Fizeram aquela inteligente obra na qual não há espaço nem para uma pena entre os ônibus. Para os carros de passeio: apenas uma via. Imagino o dia em que um carro quebrar. Haja estresse. Digo que meu sonho foi destruído, pois há alguns anos, e não faz tanto tempo, eu sonhava em ter um carro. Hoje, não sinto vontade. Já sou estressado por natureza.

Meu Guri

Lembrei de uma música de Chico Buarque que marcou minha infância. Numa prova de Português, uma das questões de interpretação era a música Meu Guri. Inicialmente, li, fiz a questão e nada de especial aconteceu. Entretanto, tempos depois me aparece no rádio essa música.  Estranhei. Sabia que já havia escutado antes, ou melhor, lido. Exatamente. Estava na minha prova de Português do Ensino Fundamental.  Agora, trago uma análise minuciosa da música, até porque cresci e, consequentemente, minha análise de mundo mudou. Vejamos a letra da música. Meu Guri   Quando, seu moço, nasceu meu rebento  Não era o momento dele rebentar  Já foi nascendo com cara de fome  E eu não tinha nem nome pra lhe dar  Como fui levando, não sei lhe explicar  Fui assim levando ele a me levar  E na sua meninice ele um dia me disse   Que chegava lá  Olha aí  Olha aí  Olha aí, ai o meu guri, olha aí  Olha aí, é o meu guri  E ele chega  Chega suado e veloz do batente  E traz sempre um presente pra me encabular  Ta