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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

A justificativa perfeita

Fascina-me a anedota daquele homem cuja mulher lhe pediu que escrevesse uma justificativa para seu filho que havia faltado a escola. Enquanto ela se preocupa com os preparativos para sair com o menino rumo ao colégio, o homem luta na mesa da sala de jantar com a justificativa: muda uma vírgula, volta a colocá-la, risca uma frase e escreve outra, até que a mulher, que estava esperando na porta, perde a paciência , arranca-lhe a folha e, sem se sentar, rabisca umas linhas, põe sua assinatura e sai correndo. Era só uma justificativa escolar, mas para o homem, que era um conhecido escritor, não havia textos inofensivos e ainda o mais intranscedente deles apresentava problemas de eficácia e de estilo. Queria escrever uma justificativa perfeita, confessou o escritor em uma entrevista. Efetivamente, escritor é aquele que se enfrenta como ninguém ao fracasso de escrever e faz desse fracasso, por assim dizer, sua missão, enquanto os demais, simplesmente, redigem. Podemos expandir essa anedota

Literatura latinoamericana com um clique

A literatura latinoamericana invade a rede. Até agora, as obras de muitos autores não ultrapassavam as fronteiras de seus países e muito menos chegavam à Espanha. Alfaguara supera este obstáculo, a partir de hoje, com a intenção de consolidar os pontos culturais no mundo de língua espanhola. Após um ano de trabalho intenso de digitalização, nasce Alfaguara Digital , com uma coleção de 100 títulos. “Esta oferta permitirá aos leitores acesso a melhor literatura produzida em nossa língua”, explica Pilar Reyes, editora de Alfaguara España.Além disso, Reyes acrescenta que, “a circulação do livro era o grande assunto do trabalho editorial, mas hoje o mundo digital permite que os títulos estejam disponíveis em todas as partes, mantendo a coerência do catálogo, o rigor e a qualidade do conteúdo”. Os livros chegaram com um preço médio de 9,99 euros, nas livrarias digitais Amazon.es, Apple, Fnac, El corte inglês, Casa del Libro, os canais atendidos pela Libranda e outras centenas de livrarias on

O tempo

Dentre tantas inutilidades "facebookianas" - deixem-me utilizar um neologismo - eis que surge algo para nos instigar: O tempo . Antes de atingir o meu real objetivo em publicar este artigo - a publicação de um vídeo -, devo repassar uma breve biografia de um homem que vem há anos nos provocando (logicamente para os que o assistem), Antônio Abujamra. "Talento multidisciplinar, Antonio Abujamra faz parte da história da  inteligência brasileira."  - por Fernando  Martins , trecho extraído do site CMAIS. " Abu nasce em 1932 em Ourinhos, interior paulista. Forma-se em Filosofia e Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Sua primeira peça foi como ator, na fase dos seus 20 anos, no Teatro Universitário de Porto Alegre em “Assim é se lhe parece”, de Luigi Pirandello. Depois de uma temporada no teatro amador do Rio Grande do Sul, ganha em 1959 uma bolsa para estudar literatura espanhola em Madri, na Espanha. Segue para Paris e

Tem rapariga aí?

No artigo  Antes que vá pro lixo , falei da quantidade de papéis - fichas escolares - acumulados após um ano de estudo, a luta para jogá-los, a espera para utilizá-los, achando que os utilizará e por fim a reprodução de um texto de Veríssimo, chamado Diga não às drogas. Seguindo essa mesma linha, reproduzo um texto, de Ariano Suassuna, criticando o forró atual, o forró que fala de calcinha, piriquito e tantas outras baixarias. Esse texto foi entregue também por Daniel Bandeira. Crítica de Ariano Suassuna sobre o forró atual  Tem rapariga aí? Se tem levante a mão! A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda  que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele não, de todas as bandas do gênero) As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste

Medo Global

Esse texto, Medo Global, de Eduardo Galeano, foi lido na última terça-feira - 07/02 - ao final da visita à Faculdade de Direito do Recife, por um dos membros do Movimento Zoada. Os que trabalham têm medo de perder o trabalho. Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho. Quem não tem medo da fome, tem medo da comida Os motoristas têm medo de caminhar e os pedestres têm medo de serem atropelados. A democracia tem medo de recordar e a linguagem tem medo de dizer. Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas, as armas têm medo da falta de guerras. É o tempo do medo. Medo da mulher à violência do homem e medo do homem à mulher sem medo. Medo dos ladrões, medo da policia. Medo da porta sem fechadura, ao tempo sem relógios, ao menino sem televisão, medo da noite sem comprimidos para dormir e medo do dia sem comprimidos para despertar. Medo da multidão, medo da solidão, medo do que foi e do que pode ser, medo de morrer, medo de viver.