Na década de setenta, o mineiro Carlos Drummond de Andrade escrevia o livro O amor natural: uma coletânea de poemas que tem como círculo temático lambidas, pêlos, vulvas, bundas e tantos outros objetos pornográficos e/ou eróticos. Lançado em 1992, o livro, sem dúvida, causou espantos para os mais conservadores, pois, por tradição, Drummond, no máximo, falava em tornozelos - que era objeto de erotismo público, na época. Como falou o blog Obvius, um olhar mais demorado, viu-se a conversão do mineiro comedido em militante póstumo da sacanagem.
Publico abaixo dois poemas, encontrados no livro O amor natural: No mármore de tua bunda e A língua lambe.
No mármora de tua bunda
No mármora de tua bunda gravei o meu epitáfio.
Agora que nos separamos, minha morte já não me pertence.
Tu a lesvaste contigo.
A língua lambe
A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
E lambe, lambilonga, lambilenta
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa
atinge o céu do céu, entre gemidos
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.
Veja mais poemas do livro O amor natural, clicando AQUI.
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