Pular para o conteúdo principal

Domínios morfoclimáticos do Brasil

Por volta da década de 60, o geógrafo brasileiro Aziz Nacib Ab'Sáber introduzia o conceito de domínio morfoclimático. Em pesquisas de campo, Aziz analisou a influência do clima, do relevo, da vegetação e da cobertura litológica no estabelecimento dos domínios brasileiros. 
No seu trabalho científico Domínios morfoclimáticos e províncias fitogeográficas do Brasil, Aziz identificou seis domínios principais e outros identificados em áreas de transição. Os principais são domínio amazônico, domínio do cerrado, domínio do mar de morros, domínio das caatingas, domínio das araucárias e domínio das pradarias.





O domínio amazônico




O domínio amazônico compreende as regiões equatoriais e subequatoriais e ocupa uma área de mais de 2,5 milhões de Km2. Segundo a classificação climática de Koppen, essa região possuí  climas Af (clima quente e úmido sem estação seca) e Am (clima quente e úmido com curta estação seca). Por se localizar na região equatorial, sofre influência da Zona de Convergência Intertropical e, consequentemente, das chuvas convectivas cuja característica são os movimentos verticais.
Os rios são caracterizados como caudalosos e meândricos, além de possuirem caráter perene, ou seja, sua vazão é constante o ano inteiro. A vegetação é heterogênea, densa, higrófila (umidade) e latifoliada (árvores com folhas largas).
Esse domínio vem sendo devastado de maneira acelerada pela extração vegetal e mineral, sem falar na produção agropecuária que devasta enormes regiões ocupadas por densas florestas.

A pecuária é um dos fatores de degradação do domínio amazônico
Regiões são inteiramente devastadas para darem lugar a agropecuária



O domínio dos cerrados

Excelente foto que agrega os aspectos do relevo e da vegetação.

Compreende a região central do Brasil, perfazendo uma área de 2 milhões de Km2. Seu desenvolvimento se dá numa região onde o clima que impera é o tropical com chuvas de verão. Segundo a classificação de Koppen, possuí um clima Aw. 
A vegetação desse domínio é o cerrado, uma variante das savanas. Possui caráter xeromorfo, pois a vegetação se adapta aos períodos de estiagem. O relevo dessa área é caracterizado por enormes chapadas de origem sedimentar  e os rios possuem regime perene.
Sofre com o avanço da agropecuária, exemplificada pela soja e pela criação de gado. Vale lembrar que o solo da região central é ácido e para o cultivo da soja foi necessário implementar correções químicas, como a calagem.


O domínio do mar de morros

Exemplo do relevo denominado de Mar de morros (caráter policonvexo)
Esse domínio comporta uma formação vegetal muito conhecida. Trata-se da Mata Atlântica que sofreu uma intensa devastação proporcionada pela monocultura açucareira, exploração do Pau-Brasil (logo com a chegada dos portugueses no século XVI) e pela urbanização - vale ressaltar que as áreas com as maiores densidades demográficas coincidem com esse domínio. Devido ao conjunto agricultura-urbanização a Mata Atlântica está praticamente destruída, restando apenas pequenas áreas.
Segundo o geógrafo Lucivanio Jatobá, o domínio do mar de morros é nitidamente azonal, pois se estende desde o Nordeste brasileiro até o Sul. A vegetação é latifoliada, higrófila, densa e heterogênea. Se assemelha a vegetação amazônica; a diferença entre esse e aquele domínio é a pluviosidade imperante nas respectivas regiões.

A formação vegetal desse domínio se assemelha a formação do domínio amazônico.


O domínio das caatingas

Vegetação caracterizada pelo xeromorfismo.

Ocupa uma área de aproximadamente 850.000 Km2, reinando na Região Nordeste. Segundo a classificação climática de Koppen, o clima é BSh, ou seja, é semi-árido. Quando analisado o  relevo, sobressaem-se as feições interplanálticas, com destaque para a Depressão Sertaneja. A vegetação é marcada pelo xeromorfismo devido a semiaridez da região. Os rios são predominantemente sazonais intermitentes, ou seja, em determinadas épocas do ano eles secam, pois há um déficit hídrico.
Não podemos deixar de falar das áreas de exceção. Trata-se dos brejos os quais se desenvolvem geralmente em áreas mais levadas e que sofrem a influência das chuvas orográficas. Nessas áreas há uma umidade mais elevada quando comparada a outras regiões da caatinga.
O domínio da caatinga sofre problemas ocasionados pela própria natureza e pela ação antrópica. Os de origem natural são as chuvas concentradas num curto período do ano o que acarreta problemas sociais e econômicos. Já os de origem antrópica são a exploração da flora para a produção carvoeira e a exploração do solo que causa desertificação.


O domínio das araucárias



Esse domínio ocupa uma área de aproximadamente 400.000 Km2. Localiza-se no Sul do Brasil, na formação planáltica da Bacia do Paraná. O clima é Cf, ou seja, é mesotérmico o que caracteriza as regiões de médias latitudes, segundo a classificação de Koppen. Essa região está sujeita, eventualmente, a períodos de nevadas na áreas mais elevadas.
"Durante mais de 150 anos, as matas de araucária forneceram matéria-prima à indústria madereira. A intensa exploração desse bioma resultou num grande impacto ambiental na região, com a redução drástica da área antes ocupada por essas matas" - trecho extraído do livro Introdução à Geomorfologia - 5ªedição Editora Bagaço - de Lucivânio Jatobá e Rachel Caldas Lins. Pág. 201.

O domínio das pradarias


Esse domínio ocupa a menor área no território brasileiro. Cerca de 80.000Km2. O relevo é caracterizado pelas coxilhas, nome usado para designar feições colinosas rasas. Destacamos a formação vegetal como rasteira. 
Essa região serve para a criação de gado, principalmente a criação intensiva o que proporciona um gado de melhor qualidade.

Fonte bibliográfica: Introdução à Geomorfologia - 5ª edição - Edições Bagaço, de Lucivânio Jatobá e Rachel Caldas Lins.

Comentários

  1. ficou muito bom, mateus! E as fotos, ótimas para entender direitinho.
    agora acrescenta as áreas de transição! :DDD

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Se você quiser comentar, selecione "NOME/URL" acima de anônimo e digite seu nome. Logo mais estarei respondendo...

Postagens mais visitadas deste blog

Despudorado soneto erótico

Há uns três anos, li um livro interessante, chamado Minhas histórias dos outros . Agora, não vou falar do livro, mas de uma página. Engraçado ler um livro de duzentas e tantas páginas e só se interessar por uma. Pois é. Interessei-me bastante por esse soneto, como disse Zuenir Ventura "um despudorado soneto erótico." O nome do soneto é A cópula. Meninas, por gentileza, não fiquem coradas! Não passa de uma cópula escrita por Manuel Bandeira. A cópula Depois de lhe beijar meticulosamente o cu, que é uma pimenta, a boceta, que é um doce, o moço exibe à moça a bagagem que trouxe: culhões e membro, um membro enorme e tungescente. Ela toma-o na boca e morde-o. Incontinente, Não pode ele conter-se, e, de um jacto, esporrou-se. Não desarmou porém. antes, mais rijo, alteou-se E fodeu-a. Ela geme, ela peida, ela sente Que vai morrer: - "Eu morro! Ai, não queres que eu morra?!" Grita para o rapaz que aceso como um diabo, arde em cio e tesão na amorosa gangorra E titilando...

Para que servem as ficções?

Hoje, fui estudar Português e para minha felicidade apareceu um texto maravilhoso, escrito por Contardo Calligaris. De forma mágica, ele mostra aos leitores a importância das ficções na construção da humanidade.                   Cresci numa família em que ler romances e assistir a filmes, ou seja, mergulhar em ficções, não era considerado uma perda de tempo. Podia atrasar os deveres ou sacrificar o sono para acabar um capítulo, e não era preciso me trancar no banheiro nem ler à luz de uma lanterna. Meus pais, eventualmente, pediam que organizasse melhor meu horário, mas deixavam claro que meu interesse pelas ficções era uma parte crucial (e aprovada) da minha “formação”. Eles sequer exigiam que as ditas ficções fossem edificantes ou tivessem um valor cultural estabelecido. Um policial e um Dostoiévski eram tratados com a mesma deferência. Quando foi a minha vez de ser pai, agi da mesma forma. Por quê? ...

Baú Cultural com Lucivânio Jatobá

O Baú Cultural traz um tema muito importante debatido no auditório da Livraria Cultura pelo geógrafo pernambucano Lucivânio Jatobá: Eventos climáticos na porção oriental do Nordeste brasileiro e a análise geográfica. . A palestra foi organizada pelo professor universitário Gilberto Rodrigues o qual coordena a Fundação Gaia - www.ciclogaia.com -  que traz a ideia de promover alterações no modo de olharmos o planeta Terra. A Fundação Gaia promove palestras todos os meses na Livraria Cultura. O Palestrante   Lucivânio Jatobá, no auditório da Livraria Cultura Convidado para ministrar a palestra organizada pela Fundação Gaia, Lucivânio Jatobá nasceu em Pesqueira, PE. Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Ensina nessa universidade desde 1977. Atualmente, ele é professor adjunto do curso de ciências ambientais da UFPE. Com vasta experiência acadêmica, o geógrafo pernambucano lecionou em inúmeras universidades, dentre as quais se destac...